Entender o processo da amamentação com antecedência e até saber quais são os problemas mais comuns é fundamental para que a mulher não seja pega de surpresa por eventuais dificuldades na hora de dar o peito àquele recém-nascido tão pequenininho.

Não é preciso fazer nada para preparar o peito para amamentar: o organismo cuida disso. Resta preparar a cabeça e o coração para um processo que funciona naturalmente, mas requer treino e paciência.

Direto ao ponto: o que é essencial saber sobre amamentação

Antes de qualquer coisa, conheça os princípios básicos da amamentação:

  • Quando o bebê pega o peito direitinho, a amamentação não deve doer.
  • O segredo da amamentação é a pega certa: o bebê não mama o bico do peito, mama a aréola. Ele tem de colocar quase toda a parte escura do peito dentro da boca para mamar.
  • Quanto mais o bebê sugar, mais leite a mãe vai produzir. Por isso o peito deve ser oferecido sempre que o bebê mostrar sinais de fome.
  • O leite demora alguns dias para “descer” depois do parto. Ele pode levar até cinco dias para aparecer em mais quantidade. É assim com todas as mulheres. O que vem antes, o colostro, é ótimo e suficiente para o bebê, mesmo que não pareça muito.
  • É normal o bebê perder até 10 por cento do seu peso nos primeiros dias. Ele nasce com uma “reserva” de energia. Depois que o leite desce e o recém-nascido se acostuma com a amamentação, começa o ganho de peso.
  • Um peito que produza leite suficiente não necessariamente fica vazando. Peito “murcho” não é peito vazio. O leite é produzido durante a mamada.
  • O peito não precisa ser nem estar grande para produzir leite.
  • Não é preciso controlar a duração da mamada nem a frequência. O bebê deve soltar o peito naturalmente. Até a primeira consulta com o pediatra, entretanto, e a certeza de que o bebê está ganhando peso como deve, é recomendado que o recém-nascido não fique mais que três horas sem mamar.
  • O leite materno se modifica, até durante a mesma mamada. Existe o leite anterior, que é mais leve e mata a sede, e o posterior, que é mais calórico e gorduroso. Procure só tirar o bebê do peito se sentir que a mama ficou mais leve, sinal que o bebê a esvaziou. Assim, ele tem mais chance de tomar os dois tipos de leite.
  • Os bancos públicos de leite humano possuem profissionais especializados para orientar, de graça, sobre qualquer problema de amamentação. Você pode procurá-los para orientações, inclusive durante a gravidez. Alguns promovem grupos para gestantes. Descubra qual é o mais próximo da sua casa, e não deixe de telefonar antes de ir.

Como se preparar para amamentar

O corpo prepara por conta própria os seios para a amamentação, por isso você não precisa fazer nada. O importante mesmo é você preparar seu espírito. Para isso, o melhor a fazer é se informar o máximo possível antes de o bebê nascer, o que você já está começando a fazer ao ler este texto.
Esteja informada sobre as dificuldades que podem surgir, mas cuidado para não se assustar demais. Planeje-se para aproveitar toda a orientação possível enquanto estiver na maternidade, pois lá há pessoas especializadas e que cuidam disso todos os dias. Faça perguntas, mostre a pega do bebê no seu peito e tire todas as dúvidas que passarem pela sua cabeça.
Não dá para saber durante a gravidez se você vai ter bastante leite ou não. O tamanho do seio e o fato de o peito já ter vazado ou não dos mamilos não têm nada a ver com a produção de leite depois que o bebê nasce.

Precisa comprar alguma coisa para a amamentação?

Você não vai precisar de nenhum equipamento especial (dá para se virar sem eles). Mas há alguns itens que talvez valha a pena já ter em casa:

  • absorventes para seio, que podem ser descartáveis ou não
  • panos ou fraldas de algodão, para múltiplos usos (até como absorvente para seio
  • sutiãs de amamentação, que são práticos. Tenha pelo menos dois, porque eles precisam ser lavados com frequência (ficam com cheiro de azedo)

Poltrona de amamentação não é essencial. Você pode se ajeitar no sofá, na cama ou numa poltrona comum. Importante é ter uma mesinha ao lado para apoiar um paninho, para vazamentos e golfadas, e um copo d’água para você.
Também não é preciso providenciar bombinha para ordenhar o leite ainda na gravidez. Dá para esperar para saber se haverá necessidade. A bombinha pode ser útil para estimular a produção de leite, para fazer um estoque na volta ao trabalho e até para doar leite materno.

Como é amamentar na prática: posição, frequência, duração

Para estimular a produção de leite, a recomendação atual é que se ofereça o peito sempre que o bebê mostrar sinais de fome, sem controlar o intervalo nem a duração da mamada. É a chamada livre demanda, que ajuda o bebê e o seu peito a se adaptarem um ao outro, principalmente nas primeiras semanas.
Cada mamada pode durar de meros 5 minutos a até mais de 40 — tudo depende da criança. O bebê deve mamar à vontade até soltar naturalmente o peito.
Não é preciso lavar nem limpar o peito antes de dar de mamar. Também não há regras quanto ao lugar de amamentar. Você poderá escolher o local onde se sentir melhor, prestando atenção para não ficar tensa.
Travesseiros e almofadas ajudam a posicionar o bebê e a aliviar os braços da mãe. Existem várias posições para amamentar, inclusive deitada na cama. Você e o bebê poderão variar de posição, para ficar o mais confortáveis possível.
O mais importante para uma amamentação eficiente e sem dor é uma boa “pega” (diz-se péga). A pega correta requer que o bebê abocanhe toda a aréola ou grande parte dela. O ideal é que não dê para ver quase nada da parte mais escura do seio fora da boca do bebê.
O bico do peito entra lá no fundo da boca do bebê, indo quase até a garganta.
Quando o bebê faz a pega certinha, fica com boca de peixinho, com os lábios virados para fora, bochechas arredondadas, queixo encostando no peito e nariz livre.
Esse bom “encaixe” estimula e mantém a produção de leite de acordo com a demanda do bebê, além de não ferir o mamilo. O bebê trabalha para conseguir o alimento, e esses movimentos musculares contribuem para o desenvolvimento físico de toda a cavidade bucal e do rosto dele.
O uso de chupeta, mamadeira ou bico intermediário de silicone pode atrapalhar o processo. Ao usar esses bicos artificiais, o bebê posiciona a língua de outra maneira, e pode se atrapalhar na hora de mamar no peito.
Se ele mamar no peito do mesmo jeito que chupa o bico artificial, não vai conseguir extrair o leite materno direito e não ficará satisfeito, tendendo a chorar mais.
O risco é o bebê ficar nervoso porque não consegue mamar, e de o mamilo da mãe ficar machucado por causa da pega incorreta.

Problemas frequentes da amamentação

Embora as mulheres há séculos deem de mamar para seus filhos, o início para muitas é desafiador.
No primeiro mês, à medida que a produção de leite se ajusta e o bebê aprende a mamar, os problemas mais comuns são:

Preparando-se para enfrentar as dificuldades

É bem frequente que, na hora de colocar a amamentação em prática, a mãe fique cheia de dúvidas e inseguranças. E ela acaba sendo alvo de muitos palpites por todos os lados.

  • Procure incentivar seu parceiro a se informar ainda durante a gravidez para ser seu aliado na amamentação, e ser um “escudo” contra pressões e opiniões inconvenientes.
  • Informe-se sobre qual é o banco de leite público mais próximo de você no portal da rede de bancos de leite humano. Bancos de leite são um excelente lugar de referência para orientação prática (e gratuita) quando o bebê tiver chegado e até durante a gravidez.
  • Se possível, selecione quem será o pediatra do bebê e, melhor ainda, faça uma consulta prévia e já procure saber que tipo de postura ele tem em relação à amamentação, o quanto se envolve e o quanto poderá estar disponível para auxiliar você.
  • Aproveite a proximidade com a equipe de enfermagem da maternidade. Lembre-se: a pega é a chave, e alguém bem experiente que acompanhe você e seu bebê com a “mão na massa” (ou melhor, no seu peito) nos primeiros dias pode fazer toda a diferença.
  • Existem também consultorias de amamentação que podem ajudar. Se tiver a possibilidade, procure se informar ainda durante a gravidez, buscando indicações de quem já teve bebê e usou o serviço. Às vezes vale a pena economizar em certas compras para privilegiar uma assistência personalizada no pós-parto.
  • A comunidade do BabyCenter e o grupo dos bebês do mesmo mês é um ótimo lugar para trocar experiências com pessoas que têm as mesmas dúvidas. Papos com mães de bebês um pouquinho mais velhos que o seu também são ótimos, porque elas têm fresco na cabeça as dificuldades que passaram e o caminho que trilharam para superá-las.

Benefícios: amamentar faz tanta diferença assim?

Sim, amamentar faz muita diferença tanto para o bebê como para você. O leite materno é o melhor e mais completo alimento para o bebê. Esse é o consenso entre médicos e cientistas do mundo todo.
Veja abaixo alguns bons motivos para investir no aleitamento:

  • O leite materno faz com que o bebê tenha menos risco de ficar doente no primeiro ano de vida. Ele terá menos chance de ter algumas doenças chatas e perigosas como diarreia e desidratação (gastroenterite), pneumonia, bronquiolite, infecção urinária e até dermatite.
  • Dar o peito faz bem para o corpo da mãe. Além de gastar calorias, ajuda a proteger você contra alguns tipos de câncer, como o de mama e o de ovário. Também protege contra a osteoporose.
  • O leite materno é um alimento completo, que contém todos os nutrientes de que o bebê precisa, além de anticorpos que combatem doenças e que não podem ser encontradas no leite artificial. Também vai se adaptando às necessidades do bebê conforme ele cresce.
  • A amamentação ajuda a construir o vínculo entre você e seu filho. Amamentar favorece o contato do bebê com sua pele, seu cheiro e seu aconchego.
  • Fórmulas infantis são caras, e prepará-las dá trabalho.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o governo brasileiro recomendam a amamentação exclusiva nos primeiros 6 meses de vida das crianças, e a manutenção do leite materno na alimentação até 2 anos de idade ou mais.

Disponível em: https://brasil.babycenter.com/a1500007/como-amamentar-amamenta%C3%A7%C3%A3o-para-iniciantes

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